Linguagens Artísticas
m Sala de Aula

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Usar Linguagens Artísticas em sala de aula, especialmente o cinema, não é necessariamente uma novidade. Desde o início do século passado, o uso de filmes nas aulas de História tem sido uma das ferramentas utilizadas para "facilitar" o ensino, partindo-se da premissa de que as imagens em movimento podem "ilustrar" um momento histórico importante, tornando a compreensão do que antes estava em forma de texto (nos livros) algo mais tranquilo de ser memorizado.

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Com as discussões ocorridas nas últimas quatro décadas no campo da educação brasileira, acompanhadas pelas mudanças ocorridas no campo historiográfico (com a chamada Nova História Cultural), o lugar delegado às linguagens artísticas em sala de aula vem se modificando. Então, se por um lado, no campo de pesquisas a década de 1980 possibilitou aos historiadores novos temas e novos objetos, dentre eles os objetos artísticos, por outro lado acompanhamos no dispositivos educacionais o estimulo ao uso de objetos artísticos nas aulas da educação básica, tendo destaque o uso do cinema.

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Exemplo disso foi o projeto Vídeo Escola (sustentada pela Fundação Roberto Marinho e pela Fundação Banco do Brasil) que, na segunda metade dos anos 1990, disponibilizou às escolas dezenas de filmes para serem trabalhados pelos professores, abordando temas presentes nos currículos de disciplinas como matemática, geografia, história e atualidades. Antes disso, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) já havia colocado em prática a iniciativa de criar para as escolas da rede pública de ensino um acervo de "Arte Cinematográfica e Videográfica", selecionados por uma comissão ad hoc, que além das películas contava com a publicação de 103 textos de apoio, chamados Apontamentos. O problema desses projetos não está necessariamente nas ferramentas, mas na premissa de que os filmes complementam ou substituem partes dos livros didáticos. Em outras palavras, "inovam" pela tecnologia, mas mantém as ideias mais tradicionais possíveis sobre os conteúdos e formas de aborda-los.

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Diante disso, cabe o questionamento: é necessário tecnologia para que haja inovação? Claro que não. É possível fazer uma aula prazerosa e inovadora utilizando-se do objeto mais tradicional das salas de aula (o livro didático e/ou quadro e giz). Sendo assim, as tecnologias não podem ser vistas como tábuas de salvação do ensino. O que pode ser modificado é a maneira como olhamos para o ambiente escolar e para os papéis ocupados por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizado. O uso de linguagens artísticas ou de recursos tecnológicos pode ser um dos caminhos nessa caminhada, mas, a depender dos seus usos, pode tornar a paisagem igual ou possibilitar uma viagem sem igual.

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